Patriarca Daniel sobre o jejum quaresmal da Mãe de Deus

“Se é acompanhada por obras agradáveis a Deus, a Quaresma faz daquele que jejua uma luz aos homens e um vaso de eleição da glória divina”.

Este é primeiro dos 19 conselhos espirituais que o Patriarca da Romênia, Daniel, publicou por ocasião da Quaresma da Dormição (ou Quaresma da Mãe de Deus), que o mundo ortodoxo observa de 1º a 14 de agosto, ou seja, até à Véspera da Solenidade da Assunção.

Elencadas no site do patriarcado “Basilica”, tais recomendações se concentram no significado e na importância do jejum a ser respeitado neste período.

Jejum

A abstinência segue o mesmo rigor da Quaresma, ou seja, jejum estreito (são proibidas proteínas animais, incluído o peixe, de segunda à sexta-feira), com permissão para usar óleo e vinho somente no sábado e no domingo.

“Nós jejuamos – explica Daniel – porque amamos Cristo Senhor e desejamos nos alimentar, antes de tudo, da palavra do Evangelho, das palavras da Escritura, das palavras que ouvimos durante os ofícios, e fortalecer a nossa oração para crescer espiritualmente. O alimento mais importante no período de Quaresma é o amor misericordioso de Cristo que nós buscamos através da oração”.

Libertar-se da cobiça

Mas a Quaresma (quarto conselho) “também é o sinal do desejo do homem crente de libertar-se da cobiça pelas coisas materiais e efêmeras, para unir-se com a oração mais intensamente a Deus que é ilimitado e não perecível, fonte de vida e da alegria eterna”.

E com o perdão – “ideal início do período quaresmal” – são cultivadas “a humildade e a liberdade interior do homem que quer viver no amor misericordioso de Deus”.

Elevação do homem

O verdadeiro jejum tem por objetivo – observa o primaz da Igreja Ortodoxa romena – “a elevação do homem para além dos bens materiais ou terrenos, a fim de receber os bens espirituais celestes, para unir-se, com a oração e a comunhão eucarística, a Deus”.

De fato (11º conselho), “se alguém jejua mas não reza, não pode receber a luz espiritual da alma”.

Jejum e conversão

O verdadeiro jejum deve produzir no indivíduo “a mudança do modo de ser, a passagem da cobiça ou do amor passional pelas coisas materiais ao amor pelas coisas espirituais, para cultivar mais intensamente a oração ou a comunhão do amor com o Deus imaterial, ilimitado e não efêmero”.