Padre Pietro Pappagallo: um exemplo para a modernidade

Uma vida dedicada aos últimos, esta foi a vida de padre Pietro Pappagallo, em uma obra de assitência material e espiritual que durou até os últimos momentos da sua vida, quando em 24 de março de 1944, da cela número 13 da prisão de Via Tasso em Roma, foi levado pelos nazistas até Ardeatina e fuzilado como represália pela morte de 33 soldados alemães no dia anterior. Pe. Pietro recebeu o reconhecimento “Justo entre as Nações” dado pelo Estado de Israel (Comissão Yad Vashem de Jerusalém) aos não-judeus que salvaram vidas durante o nazismo. Com este reconhecimento padre Pietro terá seu nome gravado no Muro perimetral do Holocausto e uma medalha e pergaminho do Estado de Israel aos seus parentes.

Apóstolo da Resistência

Padre Pietro nascido em Terlizzi no sul da Itália, o quinto de onze irmãos, morou por quase vinte anos em Roma. Desde 1925 quando chegou na capital pela primeira vez, colocou-se ao serviço dos últimos, em particular dos operários e dos trabalhadores explorados e em condições de miséria. Sua residência na Via Urbana, número 2 era um ponto de referência para todos os necessitados, ajudava com roupas, dinheiro, documentos, e continuou ajudando quando  a cidade foi ocupada pelos alemães. Durante a ocupação, padre Pietro ajudava com zelo os soldados, resistência, aliados, judeus, “indiscriminadamente”. “Graças à tipografia de seu primo” – conta Georges de Canino da comunidade judaica romana – “imprimia documentos falsos para os que corriam o risco de cair nas mãos dos nazistas e fascistas”.

Um mártir da Igreja, um exemplo para a humanidade

Padre Pietro ajudava todos e “para nós o reconhecimento de Jerusalém é muito importante”, explica Georges de Canino, um modo para “consolidar nossa ligação com o povo judaico”: “ele não ficou indiferente, não olhou para outro lado, foi um ponto de referência, um mártir da Igreja que lutava contra a barbárie e esta é uma grande vitória para todos e também para o diálogo judaico-cristão”. Certamente “será sempre recordado como um exemplo de solidariedade, de altruísmo e de bondade”.

Combatente contra a indiferença

De Canino conta que padre Pietro durante o tempo de prisão na Via Tasso, tinha sofrido muito “zombado, desnudado, ofendido, os nazistas o chamavam de Corvo Negro e não o perdoavam por ter protegido os judeus”, e mesmo assim nunca perdeu sua dignidade comprometendo-se, até o fim, em “partilhar o que tinha com seus companheiros”. Padre Pietro deixa uma forte mensagem para o mundo de hoje, sublinha De Canino, a “da proximidade e da não indiferença”, para com os que são “perseguidos, os que correm risco de vida, os que fogem dos perigos e das guerras”. É um “mártir da fé” – reconhecimento recebido de João Paulo II em 2000 – e é para a comunidade judaica um “apóstolo da Resistência”.

Brilhante joia sacerdotal

Padre Pietro é recordado como mártir do século XX também pelo postulante da sua Causa de Beatificação, o frade capuchinho Massimiliano Noviello, que confirma a luta do sacerdote contra a discriminação, a guerra, o racismo em nome dos ideais de liberdade, justiça, paz e respeito da dignidade humana. Padre Pietro evidencia-se como uma brilhante joia sacerdotal que enriquece a vida da Igreja”.

Modelo de esperança e de paz

Durante o período que ficou na prisão de Via Tasso, recorda frei Massimiliano, padre Pietro “foi um modelo de esperança heroica, de caridade infinita pelos seus companheiros, que falaram dele depois de livres”. Convidava-os a rezar, a “invocar Maria: padre Pietro “aceitou heroicamente o martírio para acompanhar ao encontro com Deus os seus 334 companheiros mortos na Fossas Ardeatinas. Antes da morte, abençoou todos e pediu a Deus “perdão para seus carrascos”.

Fonte: Vatican News