PAÍSES EM GUERRA ABREM PORTAS SANTAS DO JUBILEU DA MISERICÓRDIA

“O Ano Santo da Misericórdia chega antes nesta terra. Uma terra que sofre há muitos anos com a guerra e o ódio, a incompreensão, a falta de paz. Mas nesta terra sofredora, também estão todos os países que estão vivendo a cruz da guerra.

Todos pedimos paz, misericórdia, reconciliação, perdão, amor. Para Bangui, para toda a República Centro-Africana, para o mundo inteiro, para os países que sofrem com a guerra, pedimos a paz!”.

Estas palavras do Papa na abertura da Porta Santa em Bangui, na República Centro-Africana, durante sua recente viagem apostólica à África, chamaram a atenção da opinião pública mundial sobre os países que vivem a guerra, como a Síria, a Líbia, o Iraque, o Iêmen, e sobre outros onde as feridas da guerra estão ainda abertas, como Tunísia, Gaza, Sarajevo, Ucrânia e Crimeia.

Também nestes países, serão abertas as Portas Santas da Misericórdia. Gestos e ações que atestam a presença e a vida de tantas pequenas comunidades cristãs, com frequência perseguidas, em lugares onde a paz e a convivência são apenas uma miragem, como descreve a agência Sir.

Síria

Na tão maltratada Síria, em 13 de dezembro, em concomitância com a abertura da Porta Santa da Basílica de São João de Latrão, em Roma, serão abertas três Portas Santas, a começar pela cidade mártir de Aleppo, há três anos no centro dos bombardeios e batalhas entre o exército do presidente Assad, os rebeldes e os jihadistas do auto-proclamado Estado Islâmico.

A Porta Santa de Aleppo está na Paróquia de São Francisco, no bairro de Aziziyeh, atingida por uma granada no final de outubro. Outras duas portas serão abertas no país: uma em Damasco e outra em Latakia.

Iraque

A comunidade católica iraquiana viverá como deslocada interna o Jubileu da Misericórdia. Conquistada a cidade de Mosul, onde os terroristas do Daesh cancelaram a milenária presença dos cristãos, a minoria cristã conta hoje com menos de meio milhão de fieis em comparação com os 1,5 milhão presentes antes da invasão dos EUA, em 2003.

Muitos dos cristãos que não escaparam estão concentrados nos entornos de Irbil, capital do Curdistão iraquiano, região mais segura, principalmente no bairro cristão de Ankawa.

É lá que, em 13 de dezembro, o Arcebispo caldeu Dom Bashar Warda abrirá a Porta Santa na Catedral de São José. Trabalha-se ainda para abrir uma “barraca santa” nos acampamentos dos desabrigados e deslocados. Uma pequena Porta Santa será aberta também no vilarejo de Enishke, nas montanhas entre Zakho e Dohuk, no extremo norte do Curdistão iraquiano.

Em Bagdá, a Porta Santa será aberta em 19 de dezembro pelo patriarca Dom Mar Sako, na primeira catedral do Iraque dedicada a Nossa Senhora das Dores.

Líbia

A Porta Santa neste país do norte da África, dividido por conflitos sanguinosos, será aberta em 11 de dezembro na Catedral de São Francisco, em Trípoli, pelo vigário coadjutor, Padre George Bugeja. No início da noite é prevista uma celebração ecumênica com os representantes das diversas denominações cristãs para rezar pela paz e pela reconciliação.

A situação de violência e tensão na Líbia obrigou muitos trabalhadores estrangeiros, como os filipinos, que compõem a comunidade cristã local, a abandonar o país. Em Benghazi, segunda cidade do país, devido à delicada situação, não haverá celebração.

Ucrânia e Crimeia

Nos territórios ainda não pacificados de Donbass, onde o conflito provocou a morte de mais de 1 mil civis e o deslocamento de mais de 700 mil pessoas, a Porta Santa do Jubileu será aberta na Catedral de Kharkiv e na co-Catedral de Zaporizhya, em 13 de dezembro. Não haverão Portas Santas nas autoproclamadas Repúblicas Populares de Donetsk e de Lugansk.

Em 13 de dezembro, na Crimeia, região ucraniana anexada à Rússia após um contestado referendo em 2014, será aberta a Porta Santa na Catedral de Odessa, na co-Catedral de Simferopoli e nas Igrejas de Bilgorod-Dniestrovski, Balta, Kirovograd, Nikolaiv, Kherson.

Tunísia

A Porta Santa será aberta em Túnis em 13 de dezembro, capital que continua em alerta após os recentes atentados. Trata-se daquela da Catedral de São Vicente de Paoli, mas não a porta principal, e sim uma secundária nos fundos do prédio – para evitar que a celebração possa ser vista como uma forma de proselitismo, explica o Arcebispo Dom Ilario Antoniazzi.

Palestina

Em Gaza, a Porta Santa será aberta no dia 20 de dezembro na pequena Paróquia da Sagrada Família pelo patriarca latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal. O Padre brasileiro Mário da Silva guiará os cerca de 200 fieis na travessia da Porta Santa.

Bósnia-Herzegóvina

Em Sarajevo, que ainda traz sinais visíveis da guerra dos anos 90, será o Cardeal Vinko Puljić a abrir, em 13 de dezembro, a Porta Santa na Catedral do Sagrado Coração, a poucos metros do bairro muçulmano, da Catedral ortodoxa e da Sinagoga.