A mulher e a teologia: também neste campo, o Papa pede que as mulheres assumam o protagonismo na Igreja.
Para Francisco, em virtude do seu gênio feminino, as teólogas podem e devem oferecer novas contribuições para a reflexão teológica, relevando aspectos inexplorados do mistério insondável de Cristo.
Mas existe um jeito feminino de interpretar a fé? Pode-se fala de Teologia feminina? Eis a resposta da Teóloga Maria Clara Bingemer, professora da PUC do Rio:
“Eu acho que sim. Porque se a Teologia é expressão da escuta da revelação e da experiência da fé, a mulher experimenta a fé de maneira diferente. Não que seja melhor nem pior; é diferente. Como mulher. Eu escrevi por exemplo sobre a dimensão eucarística do corpo feminino, que só o corpo feminino tem. Só o corpo feminino é capaz de gerar outro ser, alimentar e isso é a eucaristia: Deus alimentando o seu povo com o seu próprio corpo. A feminilidade é super evocativa nesse sentido. Julia Kristeva afirma que o Ocidente perdeu o discurso sobre a maternidade e o único setor que pode resgatar isso é o Catolicismo, com a Virgem Maria – com todas as críticas de que Maria foi um peso para as mulheres… A maternidade como empoderamento da mulher. Hoje em dia as mulheres não querem ter filhos: querem ter cachorro, gato… As mulheres estão correndo da maternidade e isso é um absurdo, porque é a coisa mais fantástica que a gente tem. Gerar: isso é um poder da mulher. Claro que muitas vezes isso foi usado como opressão: a maternidade foi agredida, foi violada, foi comercializada e isso é muito ruim. Eu acho que aqui que aí tem uma fonte de Teologia muito importante. É uma experiência que o homem não tem, portanto há um enriquecimento mútuo. E há uma maneira sim da mulher fazer Teologia, porque está marcada pela experiência corpórea.”
Na reportagem, Maria Clara Bingemer fala ainda sobre as teólogas na era do Papa Francisco. Clique acima para ouvir.