48 milhões de crianças são migrantes forçados, denuncia Parolin na ONU

“48 milhões de crianças são obrigadas a deixar suas casas e milhares de crianças migrantes desacompanhadas estão perdidas, tornando-se presas fáceis de abusadores e exploradores”, denuncia o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, na 71ª Sessão da Assembleia Geral da ONU.

Pronunciando-se no encontro em andamento em Nova Iorque sobre a questão dos refugiados e migrantes, o purpurado reiterou que “todos os indivíduos têm o direito de permanecer em paz e segurança nas suas terra e em seus países de origem”. Mas o que se vê, são milhões de pessoas que “arriscam tudo, vivendo em condições miseráveis”, e milhares que “perderam a vida enquanto tentavam fugir dos conflitos, da violência, da pobreza extrema, da exclusão social, das perseguições e das várias formas de discriminação”.

Apelo para erradicar as causas das migrações forçadas

Disto, o apelo “urgente” da Santa Sé em favor de “esforços políticos e multilaterais para erradicar as causas profundas dos vastos movimentos e do deslocamento forçado das populações”: “Conflitos e violência, inumeráveis violações dos direitos humanos, degradação ambiental, pobreza extrema, comércio e tráfico de armas, corrupção e obscuros planos comerciais e financeiros”.

Ao mesmo tempo – afirmou o Cardeal Secretário de Estado – “é necessário garantir que os fundos para o desenvolvimento sejam distribuídos igualitariamente e com transparência, entregues e usados apropriadamente”.

Não, portanto, à “globalização da indiferença” denunciada pelo Papa. Sim, pelo contrário, ao “renovado empenho em proteger toda a pessoa da violência e da discriminação, para garantir uma qualidade de assistência sanitária apropriada e para proteger aqueles que são mais vulneráveis, particularmente as mulheres e crianças”.

Muros nunca são a solução para os problemas sociais

“Os muros e as barreiras entre as pessoas e os povos – quer físicas como legislativas – nunca são uma solução aceitável para os problemas sociais”, afirmou o Secretário de Estado. “Tais barreiras dividem as pessoas e os povos, causam tensões entre eles e enfraquecem e impedem o desenvolvimento”.

Neste sentido, “não obstante as dificuldades, os interesses eleitorais e as legítimas preocupações, as nossas responsabilidades exigem superar os medos e os obstáculos e trabalhar por um mundo onde os indivíduos e os povos possam viver em liberdade e dignidade”.

Não perder de vista nomes e rostos que estão por trás das estatísticas

“Enquanto buscamos encontrar os modos mais eficazes para responder aos desafios colocados pelos movimentos sem precedentes de refugiados e de migrantes – foi a advertência do Cardeal – não deveríamos nunca perder de vista a pessoa real, com os nomes e os rostos que estão por trás das estatísticas”.

Uma “abordagem” – precisou o Cardeal Parolin,  citando o Papa – que “requer o pleno compromisso por uma humanidade que antes de tudo, reconheça os outros como irmãos e irmãs, que queira construir pontes e rejeite a ideia de construir muros para tornar-se mais segura”.

Papel decisivo das organizações religiosas e cristãs nas emergências

“O enorme e complexo desafio que o grande movimento de refugiados e migrantes apresenta, pode ser resolvido somente se trabalharmos juntos”, afirmou Parolin, exortando ao diálogo e à colaboração “entre as nações, organismos internacionais e agências humanitárias” e mencionou o papel decisivo desempenhado pelas organizações religiosas e pelas comunidades cristãs, as quais, seguidamente, são as primeiras a responder às emergências humanitárias”.