Catedral Nossa Senhora dos Prazeres de Itapetininga lança seu novo brasão

O brasão da Catedral de Nossa Senhora dos Prazeres, em Itapetininga, São Paulo, é uma verdadeira síntese visual da fé e devoção mariana, inspirada na figura de Nossa Senhora dos Prazeres, a padroeira da cidade e da Diocese. Cada detalhe desse brasão resplandece com significados profundos, enraizados na tradição bíblica, histórica e simbólica da Igreja Católica.

 

A Cor Azul: O Céu e a Presença de Maria

O fundo do brasão, em azul celeste, evoca a cor tradicionalmente associada à Virgem Maria, conhecida como a Rainha do Céu. No livro do Apocalipse, Maria é descrita como “uma mulher vestida de sol, com a lua debaixo dos pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça” (Ap 12,1). O azul também remete à imensidão do céu, à paz e à presença divina que envolve e protege o povo de Deus. Nesse contexto, Maria é o grande símbolo da fidelidade ao plano de Deus, a Mãe do Salvador, que está sempre atenta às necessidades de seus filhos.

 

O Monograma de Maria: Símbolo de Santidade e Pureza

No centro do escudo está o monograma da Virgem, coroado como símbolo de sua realeza. Este monograma remete ao “Sim” de Maria no momento da Anunciação, quando o anjo Gabriel lhe disse: “Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus” (Lc 1,31). A letra “M”, coroada, é um sinal da sua exaltação e glória, pois Maria foi elevada ao Céu e coroada como Rainha do Universo. Assim como o cântico do Magnificat proclama: “Ele olhou para a humildade de sua serva… todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48), o monograma coroado reflete sua missão singular na História da Salvação.

O Cetro: Poder e Intercessão

Na mão direita da imagem de Nossa Senhora dos Prazeres está um cetro, símbolo de autoridade e realeza. O cetro no brasão representa o poder régio da Virgem Maria, que, como Rainha, intercede junto a seu Filho por toda a humanidade. Seu cetro não é um instrumento de imposição, mas sim de intercessão amorosa, evocando seu papel maternal no plano de Deus. Em Cana da Galileia, Maria disse aos servos: “Fazei o que ele vos disser” (Jo 2,5), e esse comando continua a ecoar na história da Igreja. O cetro é, portanto, um símbolo da mediação de Maria, que guia os fiéis no caminho da obediência e da fé.

 

A Cruz: Cristo no Centro da Vida

No braço esquerdo da imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, está o Menino Jesus, e, no brasão, na parte de baixo a Cruz, que recorda o sacrifício redentor de Cristo. A presença da Cruz destaca o mistério central da fé cristã: a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus. Maria, que esteve de pé ao pé da cruz, conforme João 19,25-27, compartilhou da dor de seu Filho, oferecendo-o por amor ao mundo. A Cruz no brasão não é apenas um lembrete do sofrimento, mas também da vitória de Cristo sobre o pecado e a morte, sendo um convite para que todos carreguem sua própria cruz com esperança e confiança.

 

A Estrela de Sete Pontas: As Alegrias de Maria

Uma estrela de sete pontas brilha no brasão, evocando as Sete Alegrias de Nossa Senhora, uma antiga devoção mariana que contempla os momentos de júbilo na vida da Mãe de Deus. Estas alegrias incluem a Anunciação, a Visitação a Santa Isabel, o Nascimento de Jesus, a Adoração dos Magos, o Encontro no Templo, a Ressurreição de Cristo e sua Assunção ao Céu. Na imagem de Nossa Senhora dos Prazeres, cada alegria é representada pela cabeça de um anjo; no brasão, cada ponta da estrela representa uma dessas alegrias, que são sinais da grandeza do amor de Deus manifestado através da vida de Maria. No Salmo 19, a estrela simboliza também o anúncio da glória de Deus: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos” (Sl 19,2). Maria, estrela da manhã, guia os fiéis para Cristo, a verdadeira luz do mundo (Jo 8,12).

 

A Cruz com Terminações em flor de lis: Símbolo de Pureza e Santidade

A cruz que se eleva por trás do escudo tem suas extremidades terminadas em flores de lis, um emblema tradicional de pureza e santidade. São três flores de lis, representando a Santíssima Trindade. Além disso, se pode ver, na cruz, duas pedras vermelhas, que representam a humanidade e a divisão que foi fruto do pecado original; são pedras vermelhas, para recordar o Sangue de Cristo que, em seu sacrifício, uniu de novo o que estava separado e disperso. Junto às pedras vermelhas, temos quatro pedras azuis, que fazem referência aos quatro pontos cardeais, como referência de todo o Cosmos e, ao mesmo tempo, à totalidade, no sentido de que Cristo, em seu Sacrifício, restaura todo o homem e toda a criação. Somando as pedras azuis e as pedras vermelhas, temos seis pedras, que fazem referência ao homem, redimido pelo Sacrifício da Cruz e a Cristo, o homem novo, que revela o homem ao próprio homem.

 

Os Ramos de Lírios Naturais: A Castidade e a Fidelidade

Ao lado do escudo estão dois ramos de lírios naturais, com doze lírios abertos, reforçando o símbolo da pureza, fazendo memória das doze Tribos e Israel e dos Doze Apóstolos, ou seja, à nossa pertença à Igreja, Corpo de Cristo. Estes lírios lembram-nos da virgindade perpétua de Maria, cuja vida foi totalmente dedicada ao serviço de Deus. Os lírios também evocam São José, esposo casto da Virgem, que protegeu e cuidou da Sagrada Família. No Evangelho de Mateus (Mt 1,19), São José é descrito como “justo” e, portanto, escolhido por Deus para ser o guardião do mistério da Encarnação. Esses lírios, portanto, fazem referência à vida familiar de Maria e José, exaltando a santidade e a humildade de suas vidas. Os lírios evocam a vida de virtude e a pureza imaculada de Nossa Senhora, conforme o anjo lhe disse: “Ave, cheia de graça, o Senhor está contigo” (Lc 1,28). Esta imagem do lírio também se conecta à ideia de que Maria é a “nova Eva”, cujo “fiat” reverteu a desobediência da primeira mulher. Como em Cânticos 2,1-2, onde se lê: “Eu sou o narciso de Saron, o lírio dos vales”, Maria é a flor que exala o perfume da santidade e que floresce em meio ao jardim da humanidade

 

Artisticamente, o brasão da Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, une símbolos que transcendem o tempo, ligando a tradição mariana às promessas divinas de redenção e proteção. Poeticamente, podemos ver Maria como a “Estrela do Mar” (Stella Maris), guiando os navegantes da vida para o porto seguro que é Cristo. A coroa sobre o monograma é a coroa de estrelas que São João vislumbrou no Apocalipse, símbolo de sua glorificação eterna, e o cetro em sua mão é o sinal de que Maria reina no Céu, ao lado de seu Filho, intercedendo por nós.

Nesse brasão, temos uma representação visual rica e profunda da espiritualidade católica. Ele é um convite constante para que os fiéis voltem seus olhares para Maria, a Mãe de Deus, e, através dela, para Jesus Cristo, fonte de toda graça e salvação. Cada elemento, desde a cor azul até os lírios, remete a aspectos da vida de Maria e do mistério cristão, reforçando a fé e a devoção daqueles que peregrinam sob a proteção da Senhora dos Prazeres. Assim, o brasão é não apenas um emblema, mas um caminho espiritual, um lembrete da presença amorosa de Maria, Rainha do Céu e Estrela da Esperança.