“A MISSA CONTINUA EM CADA GESTO DE AMOR”, RESSALTA DOM GORGÔNIO

Comunhão, compromisso, comunidade e serviço. Estes foram os temas tratados por Dom Gorgônio em sua mensagem para o segundo dia do triduo de Corpus Christi. O bispo recorda que a comunhão “não é um ato devocional isolado entre eu e Jesus; Eu comungo com Cristo e com os outros. A Eucaristia me compromete com uma vida de comunhão”.

Além disso, ele explica também que, devemos estar em comunhão com Cristo e a comunidade porque somos corpo de Cristo e participar juntos desta mesma mesa “exige de nós esta disposição, esta alegria de comunhão fraterna, de comunidade, de participação, de coresponsabilidade, da alegria do amor vivido nesse relacionamento com as pessoas”.

Dom Gorgônio destaca ao fim da mensagem que, a Eucaristia é o alimento que nos sustenta para servir o irmão com o mesmo amor que somos amados por Cristo. “A missa continua em cada gesto de amor e de caridade”, reforça ele.

Leia a mensagem para o segundo dia do triduo de Corpus Christi, na íntegra, abaixo:

“Estamos nos preparando para a Festa de Corpus Christi, a festa solene da Eucaristia, este mistério do amor instituído por Cristo como memorial da sua entrega, da sua paixão, da sua vida doada, alimento que nos sustenta esta caminhada da vida, no amor, na comunhão do testemunho de Cristo.

A Eucaristia tem muitos aspectos importantes para nossa reflexão, vamos comentar hoje o sentido de comunhão. Por quê nós chamamos de comunhão? A própria palavra “comunhão”, nos diz é “comum união”, mas não só do indivíduo com Jesus. A comunhão na comunidade: eu, Jesus e os outros. Não é um ato devocional isolado entre eu e Jesus, ela implica a comunhão eclesial. Eu comungo com Cristo e com os outros, estou em comum união da comunidade. Então, a Eucaristia me compromete com uma vida de comunhão. Pois Jesus falou: <<Se você tem a sua oferta para apresentar no altar e, lembra que tem alguma coisa contra teu irmão, deixa a oferta. Vai primeiro te reconciliar com teu irmão. Depois vem e faz a tua oferenda>>. Quer dizer, esta mesa da unidade, a mesa do amor, a mesa da comunhão, exige que nós estejamos em harmonia, em comunhão com a comunidade, integrados à comunidade. Uma comunidade dividida em brigas, em discórdia, competição, em rivalidades, ódio, não pode celebrar a Eucaristia. Se você não tiver essa harmonia, ou seja, se você não perdoar o coração do seu irmão, como poderá participar da mesa do amor?

Aliás, nós vamos comer do mesmo pão, beber do mesmo cálice, comer no mesmo prato. Temos que ter essa comunhão. Somos um só corpo em Cristo, formamos um só corpo. Então, esta expressão de formar o corpo de Cristo, de estar nesta comunhão, de comer do mesmo pão é bastante exigente. Exige de nós esta disposição, esta alegria de comunhão fraterna, de comunidade, de participação, de coresponsabilidade, da alegria do amor vivido nesse relacionamento com as pessoas.

Ao mesmo tempo, a Eucaristia nos fortalece para a comunhão, nos alimenta do amor de Deus, do amor de Cristo que deu a vida, é vida dada. Então, nós também nos tornamos um dom de amor para levar esse amor. Eu sempre falo para as pessoas na missa: “levai o amor de Deus derramado em vossos corações”, como diz Santo Expedito, devemos levar para os outros. A missa continua em cada gesto de amor, de caridade, de carinho, de ternura, de bondade, de solidariedade, de perdão, de serviço, na família, no trabalho, na escola, dentro da nossa comunidade em nosso dia a dia, na nossa gentileza, no nosso trânsito, no nosso carinho com as pessoas, no respeito, é viver a Eucaristia. Na Eucaristia mergulhamos nesse amor e assumimos um compromisso de comunhão, de amor, de solidariedade para viver no dia a dia.

Não é a toa que Jesus Cristo antes de instituir a Eucaristia, no Evangelho de João, colocou água em uma bacia e levantou-se para lavar os pés de seus discípulos e disse <<Assim como Eu fiz devem fazer também. Lavai os pés uns dos outros>>. O amor é serviço, é lavar os pés – atitude humilde de quem se coloca a serviço dos outros. Então, Jesus veio para servir e dar a vida.

Nós nos alimentamos da sua vida dada, do amor, para que possamos também servir com amor, com carinho e alegria a todos. Amém”.

 

Dom Gorgônio Alves da Encarnação Neto, CR
Bispo Diocesano de Itapetininga

Foto: Arquivo/Diocese de Itapetininga/William Furtado