A Pastoral do Surdo de nossa diocese realizou neste último fim de semana o primeiro Encontro Diocesano. O evento aconteceu na Vila Aparecida, em Itapetininga (SP), e atraiu agentes e interpretes da Língua Brasileira de Sinais (Libras) da cidade, bem como, de Campinas, Ourinhos e até de Minas Gerais. Ministraram o encontro, o Pe. Wilson Czaia, o único sacerdote surdo do país, membro do Clero da Arquidiocese de Curitiba (PR); Mônica Azevedo (surda) e o intérprete Maurício Gut da Arquidiocese de Campinas. Além da presença do Pe. Rodrigo Feitosa, assessor eclesiástico da Pastoral na Província de Sorocaba e em nossa diocese.

Com início na tarde de sábado (11/08), a primeira palestra tratou sobre a Liturgia e suas questões práticas. Maurício ensina como o intérprete de Libras deve se portar, em que locais no espaço litúrgico e, “que tanto ele como o surdo tem que ser protagonistas da Liturgia nas celebrações eucarísticas”. Ele enfatiza ainda a necessidade de que o surdo possa ter funções dentro da Igreja, sabendo que este também pode desenvolver papel atuante dentro das pastorais e movimentos.
A segunda palestra foi ministrada por Mônica e abordou a Pastoral do Surdo. A palestrante é surda e aprendeu a falar com a mãe; ela ensinou aos surdos sobre o que é a Igreja e o significado da Liturgia. Padre Rodrigo conta que, Mônica ajudou-os a preparar a interpretação para quem ia fazer o “Creio, as preces, as leituras” e, cada um fez a sua interpretação de Libras. E assim, o intérprete Maurício ‘fez’ a voz do Pe. Wilson na Missa. O assessor enfatizou a importância desta interação para o surdo.

De acordo com o Pe. Rodrigo ainda, o objetivo maior era falar de Maria. Na palestra ministrada pelo Pe. Wilson, ele afirma aos participantes que, “Maria é única, apesar de ter vários títulos. Ela é muito importante na vida da Igreja e é aquela que intercede pela Igreja e está junto da Trindade”. Ele recorda ainda que, a Virgem do Silêncio não é somente a Padroeira dos Surdos mas, que ela mostra em seu silêncio que todas as pessoas devem buscar ter paciência, compreensão com a vida e diante da vida da Igreja. O sacerdote observa que, “Maria visita cada povo e que, em determinados países e localidades, ela se apresenta da forma que é melhor para aquela cultura, onde então ela interage levando a salvação do Seu filho para aqueles que precisam”.
Padre Wilson enfatizou muito a importância dos surdos na vida da Igreja como Pastoral do Surdo para que se possa criar este elo de inclusão porque todos nós precisamos. Um exemplo disto, relata Pe. Rodrigo, foi a experiência realizada na parte da manhã no domingo (12) quando o Pe. Wilson pediu a Maurício para não interpretar a sua voz.
“O objetivo da experiência era mostrar aos ouvintes como o surdo se sente quando não há a interpretação em Libras. É como se houvesse ali um espaço, um vazio que a Libras ‘preenche’ quando dá sentido ao que ele vê. É o mesmo sentimento quando nós, que somos ouvintes temos, quando não ouvimos a voz mas, vemos apenas os sinais de Libras; perde-se o sentido e fica um vazio”, ressalta o assessor.
“Sem esta interação, sem esta interpretação”, completa Pe. Rodrigo, “o surdo não consegue entrar na questão mística e ter um conhecimento profundo da vida”.
Pe. Wilson gravou um vídeo, interpretado na voz de Maurício, motivando as paróquias a conhecer a Pastoral do Surdo. Assista:
Fotos (com brasão): William Furtado/Diocese de Itapetininga
Fotos: Divulgação/Pastoral do Surdo
