MÍDIA NOS EUA PREPARADA PARA UMA COBERTURA SEM PRECEDENTES

A mídia nos Estados Unidos está em contagem regressiva para a chegada do Papa Francisco nesta terça-feira (22). Quer as principais redes como os meios de comunicação locais estão investindo para cobrir aquela que, na percepção dos próprios estadunidenses, é um evento sem precedentes. A este respeito, a jornalista da CNN internacional, Delia Gallagher, em entrevista a Rádio Vaticano, afirmou que:

“Sem dúvida alguma, existe uma grande expectativa pela visita histórica de um Papa de grande popularidade. Eu diria que existe também uma grande atenção sobre aquilo que ele vai falar sobre o tema da imigração, capitalismo, temas que são muito presentes nos Estados Unidos. Estamos também já em plena campanha eleitoral para as presidenciais do próximo ano. E aquilo que dirá ao Congresso, por exemplo, cada palavra será, de uma forma ou outra, usada, talvez instrumentalizada para a campanha eleitoral, mas não somente, serão palavras que voltarão nos discursos dos políticos e no “debate nacional”. Portanto, existe também uma expectativa a este respeito, isto é, de entender o que pensa o Papa e como isto que dirá será recebido por um povo que é bastante dividido no modo de ver estes temas”.

RV: Como a população percebe a visita do Papa?

“Existe uma expectativa da massa que se alegra pela visita desta grande figura tão amada. Também quem não é católico vive um momento de orgulho pelo fato de que o Papa visite o próprio país e portanto temos o grande mural no centro de Nova Iorque: trata-se de uma enorme pintura do Papa Francisco que acolhe e que expressa esta alegria. Temos até mesmo um novo canal que funcionará 24 horas por dia sobre o Papa, criado precisamente para esta viagem. Existe o aplicativo “Joke with the Pope” que é um dos tantos aplicativos (app) criados para esta viagem…ou seja, em todos os níveis, todos se sentem partícipes, não somente os católicos”.

RV: Como a mídia estadunidense está se empenhando para apresentar esta viagem do Papa Francisco?

“Eu nunca vi em meus 17 anos como jornalista tamanha euforia, uma tal antecipação de um evento, porque, repito, mesmo para quem não é católico – eu trabalho para uma emissora que absolutamente não é religiosa – é um evento de grande importância: a figura deste Papa é muito presente e muito amada por todos”.

RV: Como a CNN cobrirá este evento?

“A CNN é especializada em seguir os grandes eventos. Somos um canal  24 horas, portanto, é claro que levamos ao ar não tudo, mas quase tudo que diz e faz o Papa. Temos centenas, para não dizer milhares, de pessoas entre operadores, produtores e jornalistas, que estão se dedicando dia e noite a este evento”.

RV: O encontro com Obama, o Papa falará no Congresso; irá ao Ground Zero e depois à Filadélfia para o Encontro Mundial com as Famílias; encontrará pobres, marginalizados…será uma viagem intensa. Com que rosto os Estados Unidos acolherão o Papa?

“É um rosto muito sorridente, como se diz sempre de nós americanos, que sorrimos. Depois, haverá uma atenção particular aos conteúdos do Papa sobre os temas como imigração, tema que é muito presente nos Estados Unidos, em função da fronteira com o México. As palavras do Papa serão, então, confrontadas com as opiniões que as pessoas já tem sobre estes temas. Por exemplo, como se viu, se um candidato republicano para as presidenciais como Jeb Bush permitiu-se dizer em campanha eleitoral que não faz lições econômicas com o Papa, significa que ele está convencido de que existe um povo que está de acordo com ele”.

RV: Qual é o teu auspício para esta viagem do Papa Francisco?

“O desejo para esta visita não é tanto sobre os temas políticos e sociais, mas de que o Papa possa trazer um momento sagrado, transcendente, de reflexão. Nós somos também um povo muito religioso, nem todos católicos, porém penso que os americanos terão também uma oportunidade, um momento de reflexão junto ao Papa e isto poderia ajudar o nosso país”.