Ministros da Eucaristia lotam a Catedral Diocesana para a abertura do Congresso Eucarístico Diocesano

Neste domingo (4), os Ministros Extraordinários da Eucaristia de toda a diocese, estiveram reunidos na Catedral Nossa Senhora dos Prazeres de Itapetininga, para a celebração de abertura do 1º Congresso Eucarístico Diocesano.  A Santa Missa foi presidida pelo bispo diocesano, Dom Gorgônio e concelebrada pelo reitor da Basílica São Miguel Arcanjo, Padre Márcio Almeida e pelo pároco da Paróquia Nossa Senhora das Estrelas, Padre Júlio Ferreira.

Também estiveram presentes na celebração, Padre Renato Félix, Padre Fábio Silveira, Padre Jean Michel, Padre Rodolfo Rodrigues, além de diáconos e seminaristas.

O Congresso Eucarístico Diocesano, faz parte das atividades comemorativas do Jubileu de Prata da Diocese, que tem como tema  “ Pão em todas as mesas”, mesmo tema do Congresso Eucarístico Nacional de Recife/PE.

Entre os dias 05 e 07 de junho, o Congresso continua em todas as paróquias da Diocese, com o tríduo abordando diversos temas eucarísticos.

O Congresso Eucarístico Diocesano encerra com a celebração da Solenidade de Corpus Christi, na quinta-feira (8). O Bispo Diocesano, Dom Gorgônio preside a Santa Missa às 9h na Basílica Nossa Senhora da Conceição em Tatuí, com a presença de todas as paróquias da cidade.

Já em Itapetininga, a celebração acontece na Catedral Nossa Senhora dos Prazeres, às 15h, também com a participação de todas as paróquias. Nas demais cidades, o horário da celebração de Corpus Christi, acontece de acordo com a programação de cada paróquia.

A Santa Missa de abertura do Congresso foi transmitido ao vivo pelas redes sociais da Diocese de Itapetininga.

O Congresso Eucarístico

Durante a homilia da celebração de abertura do Congresso Eucarístico, Dom Gorgônio destacou trechos dos temas abordados no Congresso Eucarístico Nacional.

 

A PALAVRA DE DEUS FAZ O CORAÇÃO ARDER

Muitas vezes, por causa do cansaço e da rotina pesada de nossas vidas, não damos atenção devida ao poder da palavra. Nossos diálogos nem sempre são verdadeiros, porque temos dificuldade de escutar. Se a escuta está doente, a palavra não é ouvida. E se isto acontece, há uma grande perda em todos os sentidos, mas sobretudo no âmbito da fé. Nossa fé nasce da escuta!

Durante muito tempo, em nossas comunidades, toda a atenção esteve voltada para a Eucaristia. O Concílio Vaticano II, fruto do Espírito Santo, lembrou que a Missa é um mistério com duas mesas, e nós as conhecemos: a mesa da Palavra, que ocupa o centro da primeira parte da Missa, e a mesa da Eucaristia, que celebra o que foi proclamado pela Palavra. Estas duas mesas não se opõem, mas se completam. Em muitas igrejas, elas chegam a ser feitas de um mesmo material, pedra ou madeira, a fim de se mostrar sua unidade.

O Texto-Base do 18º Congresso Eucarístico Nacional, no capítulo segundo, recorda-nos a importância de vermos a Palavra de Deus como alimento, como mistério de comunhão. Mais do que isso! É preciso trazermos presentes as palavras de São Jerônimo: “Eu penso que o Evangelho é o Corpo de Cristo; penso que as santas Escrituras são o seu ensinamento. E quando Ele fala em “comer a minha carne e beber o meu
sangue” (Jo 6, 53), embora estas palavras se possam entender do Mistério [eucarístico], todavia também a palavra da Escritura, o ensinamento de Deus, é verdadeiramente o corpo de Cristo e o seu sangue”.

Continua o grande santo: “Quando vamos receber o Mistério [eucarístico], se cair uma migalha, sentimo-nos perdidos. E, quando estamos a escutar a Palavra de Deus, e nos é derramada esta Palavra, que é carne de Cristo e seu sangue, se nos distrairmos com outra coisa, não incorremos em grande perigo?”. Assim como Cristo está presente no pão e vinho, de modo análogo, está presente na Palavra proclamada em cada liturgia,
como nos diz o Papa Bento XVI (VD 56).

 

 A EUCARISTIA, MEMÓRIA DE UM SACRIFÍCIO DE AMOR

 Desde o início da caminhada da Igreja, os discípulos de Jesus entenderam a sua morte como um sacrifício, isto é, uma entrega voluntária pela salvação da humanidade. É assim que também devemos enxergar a Eucaristia, como o sacramento do sacrifício de Cristo. Ela torna presente o mistério da cruz e da ressurreição.

Existe, em nossos dias, uma busca desenfreada por prazer, por ter, acumular, ganhar. Isso vai gerando, inevitavelmente, uma sociedade individualista, egoísta, hedonista. Em outras palavras: surge uma sociedade que quer esconder o envelhecimento, a dor e a morte; uma sociedade que não sabe mais o que é o sofrimento, que não tem resistência e nem se compadece com o sofrimento alheio.


Por isso, faz-se necessário resgatar o sentido bíblico do sacrifício como
entrega da própria vida com um objetivo bem preciso: a salvação dos outros. É em Jesus Cristo que essa realidade encontra sua plena concretização, pois, através de sua morte e ressurreição, Ele nos santificou, fazendo totalmente a vontade do Pai.

Sendo o sacramento pascal de Cristo por excelência, a Eucaristia é o
sacrifício de Jesus: sacramentalmente, atualiza o que Jesus fez na cruz e nos faz entender sempre mais o dever de, também nós, nos oferecermos em sacrifício ao Pai, juntamente com Jesus. A Eucaristia, enquanto culto e vida, deve nos dispor a uma verdadeira oferta de nós mesmos a Deus e aos irmãos, sobretudo aos mais necessitados

 

EUCARISTIA, O ALEGRE BANQUETE DA VIDA

A Eucaristia é essencialmente comunitária. Paulo chama atenção da comunidade de Corinto para que a Ceia Eucarística não se torne uma a ceia individual, quebrando a comunhão com o Corpo do Senhor. Trata-se de um pecado contra o corpo eclesial, pois rompe com a unidade da Igreja. Cria-se algo inexplicável: a ruptura o Corpo Eucarístico e o Corpo Eclesial. Quem comunga o Corpo Eucarístico faz comunhão com o Corpo Eclesial. É unidade também com cada ser humano, imagem de Deus, e com toda a criação. Na verdade, quando celebramos a Eucaristia anunciamos a redenção cósmica, do universo inteiro.

Vinho simbolizam uma união fraterna. Essas duas ações anunciam uma união profunda entre Cristo e o cristão. São Paulo afirma “Porque há um só pão, nós, embora muitos, somos um só corpo, pois todos participamos desse único pão” (1Cor 10,17). A Eucaristia é sinal da comunidade unida, e as divisões afetam a unidade da Igreja e ferem assembleia eucarística.

Ao recebermos a Eucaristia, realiza-se em nós uma unidade profunda: Cristo está em nós e nós estamos nele. O Evangelista João nos recorda: “quem come a minha carne e bebe o meu sangue, permanece em mim, e eu nele” (Jo 6,56). Essa permanência de Cristo na vida de cada cristão implica compromisso com a transformação das estruturas injustas à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja

 

A DIMENSÃO PROFÉTICA DA EUCARISTIA

Nos primeiros tempos da Igreja, as pequenas comunidades cristãs que se
reuniam nas casas, ao celebrarem a Eucaristia, enviavam uma mensagem incômoda e contestadora à Roma não cristã, construída sobre uma economia de escravidão. A mensagem profética e contestadora era o próprio fato de fazer da partilha do pão algo sagrado. Escravos e senhores, homens e mulheres, hebreus e pagãos sentavam-se como iguais. Aquela mesa das casas cristãs desafiava o altar dos templos pagãos.

Uma refeição desafiava o culto oficial. A comunhão entre irmãos e irmãs, iguais entre si, colocava em discussão a pirâmide do poder. Precisamos voltar a dar ao mundo essa profecia eucarística.

Nos séculos IV e V, São João Crisóstomo emerge como o grande defensor dos pobres e de sua centralidade na Igreja. Em uma de suas homilias mais famosas e mais citadas, mostra o vínculo essencial entre a participação na Ceia do Senhor e o cuidado dos pobres. Não se pode separar o Corpo de Cristo que está no altar do Corpo de Cristo que
está no pobre: “Queres honrar o Corpo de Cristo? Então, não aceites que ele seja desnudado. Depois de tê-lo adorado na Igreja, vestido de seda, não permitas que, fora, ele fique nu e morra de frio. O mesmo Jesus que, na ceia, disse: ‘Isto é o meu corpo’, confirmando com suas palavras o ato que fazia, disse também: ‘Pois eu estava com fome, e não me destes de comer’. E ‘todas as vezes que não fizestes isso a um desses mínimos, foi a mim que o deixastes de fazer!’”

O Magistério atual da Igreja, passando pelo Vaticano II e pela palavra dos
últimos papas reforça a mesma temática. Afirma Bento XVI: “O Senhor Jesus, pão de vida eterna, incita a tornarmo-nos atentos às situações de indigência em que ainda vive grande parte da humanidade. […] O alimento da verdade leva-nos a denunciar as situações indignas do homem, nas quais se morre à míngua de alimento por causa da injustiça e da exploração, e dá-nos nova força e coragem para trabalhar sem descanso na edificação da civilização do amor” (SC, 90).

 

 A EUCARISTIA E MARIA – O MAGNIFICAT DO PÃO EM TODAS AS MESAS

Podemos dizer, com toda certeza, que Nossa Senhora é completamente
mulher da Eucaristia. Já na Encarnação, Maria Santíssima se faz toda de Deus, pois acolhe em seu ventre, de maneira sobrenatural, a presença de Jesus Cristo, nosso Salvador. Que grandeza para uma jovem receber, em seu seio, a realidade física daquele que se daria em Corpo e Sangue. Para isto, sendo preservada do pecado original, Maria é Imaculada, preparando-se para esta importante tarefa de ser a Mãe de Deus.

Nossa Senhora, em seu cântico, evidencia sua total confiança em Deus, pois sabe que Ele abençoa e salva, cria e conserva, cuida e ama infinitamente. Por isso, Maria Santíssima o adora plenamente. Essa bela atitude de Nossa Senhora nos ensina a buscar nosso Deus e sermos todos dele como ela foi. Somente numa atitude de adoração ao Deus nosso Senhor, podemos nos afastar do mal e do pecado que quer nos escravizar.

Assim como a vida de Maria Santíssima, precisamos fazer da nossa uma
eterna ação de graças. No início do prefácio de cada Missa, rezamos: “Na verdade é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-vos graças, sempre e em todo lugar, Senhor, Pai santo, Deus eterno e todo-poderoso, por Cristo, Senhor Nosso”. Assim, vemos o quanto Deus nosso Senhor merece nossa louvação.

Ainda no Cântico do Magnificat, Maria Santíssima recorda a história da salvação, um grande hino do amor de Deus para com a humanidade, que passou de geração em geração. A promessa que tinha sido feita anteriormente se torna realidade. A presença de Deus é constante entre o seu povo e chegou até nós. Como você percebe a relação entre Maria e a Eucaristia? Em que sentido Maria é mulher eucarística?

 

A EUCARISTIA E A MISSÃO

Olhando para o mundo em que vivemos, o Brasil, nosso estado, nossa cidade, nosso bairro, nossa rua, nossa casa, nossa família, percebemos que há tantas coisas negativas, que, às vezes, somos dominados pelo desânimo de achar que não tem jeito. De todos os lados e meios, nos chegam notícias de desgraças. Estamos decepcionados com muitas coisas, na política, na justiça, nas religiões, nos comportamentos. O aumento do empobrecimento do nosso povo e da fome muito nos preocupa.

O crescimento de todas as formas de violência tem levado as pessoas a se trancarem em suas casas, reféns do medo. A sensação que temos é que prevalece a impunidade. Aumenta sempre mais o coro de que isso não vai dar em nada; o crime compensa e “bandido bom é bandido morto”. As pessoas estão perdendo o sentido da vida, aumentando o número dos suicídios e de morte de nossos jovens. Precisamos urgentemente mudar de rumo.


O mal também tem feito um grande estrago no interior de nossa Igreja. Não
podemos ficar alheios ao que nos ameaça: aumento da desobediência e rebeldia; a falta de testemunho. Nossos bispos dizem nas Diretrizes Gerais (Doc. 109) que estamos num cenário marcado por luzes e sombras. “A Igreja enfrenta um desafio que está diretamente ligado à sua missão: a transmissão integral da fé no interior de uma cultura, em rápidas e profundas transformações, que experimenta forte crise ética com a relativização do sentido de pecado”.

 

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Fotos: William Furtado