Sexta-feira, 17 de abril: A humildade cristã não é masoquismo mas amor – esta a principal mensagem da homilia do Papa Francisco na Missa na Capela da Casa de Santa Marta.
Partindo da leitura dos Atos dos Apóstolos proposta pela liturgia do dia, o Santo Padre referiu que os Apóstolos estavam perante o Sinédrio acusados de pregarem o Evangelho. Todavia, um fariseu, de nome Gamaliel, toma a palavra e propõe que sejam libertados com o argumento de que se a mensagem que pregam for de origem humana seria destruída, o que não aconteceria se viesse de Deus. O Sinédrio aceita a sugestão e dá algum tempo ao assunto:
“Dá tempo ao tempo. Isto serve para nós, quando temos maus pensamentos contra os outros, maus sentimentos, quando temos antipatia, ódio, não os deixar crescer, parar, dar tempo ao tempo. O tempo mete as coisas em harmonia e faz-nos ver o justo das coisas. Mas se tu reages no momento da fúria, seguramente, que serás injusto. E faz mesmo mal a ti próprio. Este é um conselho: o tempo, o tempo no momento da tentação.”
A atitude de parar significa dar tempo ao Espírito Santo, para que nos ajude a chegar à paz. Tal como os Apóstolos, no episódio relatado, que são flagelados e saem do Sinédrio contentes por terem sido ultrajados em nome de Jesus:
“O orgulho dos primeiros leva-te a querer matar os outros, já a humildade, também a humilhação, levam-te à semelhança com Jesus. E isso é algo que nós não pensamos. Neste momento, em que tantos irmãos e irmãs são martirizados em nome de Jesus, eles estão neste estado, têm neste momento a felicidade de sofrer insultos, inclusive a morte, pelo nome de Jesus. Para fugir do orgulho dos primeiros, há somente o caminho de abrir o coração à humildade, e a ela jamais se chega sem a humilhação. Esta é uma coisa que não se entende naturalmente. É uma graça que devemos pedir.”
A graça “da imitação de Jesus” – concluiu o Santo Padre – é uma imitação testemunhada não somente pelos mártires de hoje, mas também por aqueles “tantos homens e mulheres que sofrem humilhações todos os dias pelo bem da própria família” e “fecham a boca, não falam, suportam por amor de Jesus”:
“E esta é a santidade da Igreja, esta alegria que dá a humilhação, não porque a humilhação é bela, não, isso seria masoquismo. Porque com aquela humilhação imita-se Jesus. Duas atitudes: a do fechamento que leva ao ódio, à ira, a querer matar os outros; e a da abertura a Deus no caminho de Jesus, que faz receber as humilhações, inclusive as mais fortes, com esta felicidade interior porque estamos certos de caminhar na estrada de Jesus.”