Teatinos celebram 500 anos de fundação e têm encontro com o Papa em Roma

A Ordem dos Clérigos Regulares, mais conhecidos como Teatinos, completou 500 anos de fundação, no sábado, 14, Festa da Exaltação da Santa Cruz. No encerramento do ano jubilar, iniciado em setembro de 2023, os Teatinos encontraram-se com o Papa Francisco e participaram da missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

 

QUEM SÃO OS TEATINOS?

Os Clérigos Regulares, também chamados de Teatinos, estão entre as famílias religiosas que o Espírito Santo sempre suscita na Igreja, e que esta, com sua autoridade, eleva à dignidade de estado canônico. Foi fundada por São Caetano, João Pedro Carafa (mais tarde Papa Paulo IV), Bonifácio de’Colli e Paulo Consigliere, em profissão solene no dia 14 de setembro de 1524, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. O nome Teatinos remete ao Bispo Teatino (de Theate = Chieti, Itália) João Pedro Carafa, que foi o primeiro Prepósito deste instituto. Aquela primeira comunidade, integrada pelos quatro fundadores, todos membros da Companhia do Amor Divino, surgida em Roma como centro e cenáculo de reforma evangélica, foi instituída com autoridade do Breve Pontifício Exponi Nobis, expedido por Clemente VII em 24 de junho de 1524. Posteriormente, esta Ordem de Clérigos Regulares foi aprovada e confirmada pelo mesmo Pontífice mediante a Dudum pro parte vestra, de 7 de março de 1533. A Ordem dos Teatinos foi o primeiro dos institutos que, no século XVI, desempenharam um papel primordial na reforma da Igreja, abrindo caminho à renovação que, depois, o Concilio de Trento tomaria como sendo sua. Alguns de seus membros alcançaram a honra dos altares: São Caetano Thiene (1480-1547), Santo André Avelino (1521-1608), São José Maria Tomasi (1649-1713), o Beato João Marinoni (1490-1562) e o Beato Paulo Burali D’Arezzo (1511-1578).

ANO JUBILAR

Por ocasião do jubileu dos 500 anos dos Teatinos, a Penitenciaria Apostólica concedeu a indulgência plenária aos fiéis que visitassem as igrejas confiadas ao cuidado pastoral da Ordem dos Clérigos Regulares na Argentina, Brasil, Colômbia, Itália, México, Espanha e Estados Unidos; bem como aos doentes e todos aqueles que não puderam estar presentes, mas ofereceram os seus sofrimentos ao Senhor ou realizaram práticas piedosas. Durante todo esse tempo, foram inúmeras as iniciativas provindas da Cúria Geral e de outras Províncias para essa celebração, como encontros, retiros e até romarias, como foi feita ao Santuário Nacional de Aparecida. O ponto maior, porém, foi o convite do Prepósito Geral, Padre Salvador Rodea González, CR, que todos se encontrassem, de 8 a 14 de setembro, em Roma.

O ENCONTRO EM ROMA

Ao longo da última semana, os Teatinos vivenciaram momentos muito significativos como os Primeiros Votos, Profissão Solene, ligados à vida e espiritualidade de seus religiosos consagrados. Foram a Veneza, a primeira casa Teatina fora de Roma, e também a Nápoles, onde estão os restos mortais de São Caetano. Estiveram, ainda, na Basílica de Santa Maria Maior, na qual foi celebrada a missa presidida pelo Cardeal Piacenza. Do Brasil, participaram 120 leigos, 25 padres, dois professos e Dom Gorgônio Alves da Encarnação Neto, CR, Bispo de Itapetininga (SP). No sábado, 14, todos estiveram na Basílica Vaticana de São Pedro, sendo recebidos pelo Papa Francisco, que encorajou-os na missão evangelizadora: “Convido a toda a família Teatina a abraçar com alegria, no jubileu de hoje, as intenções de renovação, de comunhão e de serviço, seguindo o exemplo de São Caetano. Obrigado, muito obrigado, pelo trabalho que vocês fazem”. Por fim, os Teatinos participaram da missa na Basílica de São Pedro, presidida pelo Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado do Vaticano. Ao final, o Prepósito Geral fez seu agradecimento, encerrando o Ano Jubilar Teatino.

MISSÃO

Qualquer tarefa ou ministério em busca do Reino de Deus são parte da missão dos Teatinos. O amor é a motivação e razão de todas as ações. O lema é uma inspiração do Evangelho segundo Mateus, que retrata a ação providente de Deus na história: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua Justiça e todo o mais virá por acréscimo” (Mt 6,33). Os Teatinos estão empenhados em diversas realidades nas quais são necessárias a vivência e testemunho do Evangelho. Como sentinelas da Reforma, estão atentos aos sinais da História que exigem atitudes concretas: paróquias, casa de menores, rádios, missões populares, pastorais específicas, juventude e vocacional em colégios. Hoje, os Teatinos estão na Itália, Espanha, Portugal, Estados Unidos, México, Colômbia, Argentina e Brasil.

PRESENÇA NO BRASIL

 No Ano Santo de 1950, Dom Frei Henrique Golland Trindade, OFM, primeiro Arcebispo de Botucatu (SP), foi a Roma. Uma das suas intenções era a de conseguir nas Cúrias Generalícias sacerdotes para a sua Arquidiocese e, em especial para a cidade de Fartura (SP). Naquela ocasião, o Bispo teve os primeiros contatos com os superiores gerais da Ordem Teatina e pediu-lhes que fossem designados alguns religiosos para sua Arquidiocese. Os superiores, então, enviaram ao Brasil dois sacerdotes e um irmão. Em 4 de maio de 1951, embarcavamdo porto de Nápoles para o Brasil, no navio “Conte Grande”, o Padre Francisco de Lucia, CR; o Padre Lineu Bincelli, CR; e o Irmão Gabriel Mesquita, CR. No dia 17 do mesmo mês, desembarcaram no porto de Santos (SP), sendo recebidos pelo Padre Sílvio Maria Dario, que tempos depois se tornaria o primeiro Bispo de Itapeva (SP). Naquele mesmo ano, os dois padres e o irmão assumiram a Paróquia Nossa Senhora das Dores, em Fartura (SP), a primeira paróquia Teatina do Brasil. O primeiro Seminário foi instalado nas dependências do salão paroquial, tendo 14 seminaristas, dos quais dois se tornariam padres: Amador Ferreira Martins, CR e Gorgônio Alves da Encarnação Neto, CR, – hoje Dom Gorgônio, primeiro Bispo de Itapetininga (SP).

 

 

Padre Lucas Gobbo, CR

Secretário Provincial dos Teatinos do Brasil especial para o São Paulo, no Vaticano.